O autor está “um pouco chateado” com seus colegas por terem abusado do Método Stanislavski.
Ninguém ficará chocado se eu disser que Daniel Day-Lewis é um dos maiores atores de todos os tempos. Quando ganhou seu primeiro Oscar por Meu Pé Esquerdo, em 1989, ele usou o Método em uma atuação muito pessoal, e serviu de inspiração para muitos outros atores… que, em sua opinião, foram longe demais.
Nem Stanislavski nem Stanislavska
Em entrevista ao The New York Times, aproveitando seu retorno aos cinemas em Anemone, o ator afirmou estar “um pouco chateado” com os atores do Método atual, porque eles usam isso como desculpa para “agir como lunáticos”. Há centenas de exemplos, e Lewis deixa claro que não é isso que esse sistema pretende fazer.
Palace Pictures
“Não gosto de pensar em atuar como um ofício. Claro, existem técnicas que podem ser aprendidas, e sei que o Método tem se tornado um alvo fácil ultimamente. Me incomoda um pouco ouvir todo tipo de gente tagarelando e dizendo coisas como ‘ele virou completamente Método’, o que acho que implica que a pessoa está se comportando como um lunático.”
Lewis deixa bem claro que essa não é, nem de longe, a parte mais interessante de sua profissão: “Todos tendem a se concentrar nas partes menos importantes do trabalho, e esses detalhes sempre parecem envolver algum tipo de autoflagelação ou uma experiência que lhe impõe um sério desconforto ou instabilidade mental. Mas, é claro, na vida de um ator, o principal tem que ser o trabalho interno.”
Embora tenha estado afastado das câmeras por oito anos, aos 68 anos, ele continua sendo uma das vozes mais interessantes e inteligentes da indústria. Quem sabe, talvez o ouçam e tenhamos menos histórias sobre atores fazendo o que bem entendem no set, usando o Sistema Stanislavski, criado em 1935, como desculpa.
