Novela que deveria tratar sobre ética e que depois prometeu falar sobre uma disputa entre a mãe honesta e a filha desonesta, Vale Tudo vem passando longe do assunto nas últimas semanas. Em menos de um mês, a trama abordou adoção, meio ambiente, pensão alimentícia, assexualidade, burnout, bebê reborn… e quase nenhum tema teve a profundidade necessária.
Há décadas, as novelas debatem sobre temas de interesse público. Autores como Gloria Perez e Manoel Carlos, por exemplo, ficaram conhecidos por trazer para discussão em suas obras temas que afetavam a sociedade.
No remake de Vale Tudo, a autora Manuela Dias resolveu seguir por esse caminho e inserir temas para debate na sociedade — que não haviam na versão original –, criando novos entrechos. O problema, no entanto, é que faz isso de maneira superficial.
Remake de Vale Tudo peca na abordagem

Poliana (Matheus Nachtergaele), por exemplo, se descobriu assexual num dia sem qualquer introdução mais aprofundada e logo depois já estava expondo a situação na internet, encerrando assim o assunto. Renato (João Vicente de Castro), que não demonstrava ter uma rotina tão atribulada, passou a sofrer de burnout de um dia para o outro.
Indo na onda dos bebês reborns, a autora também colocou César (Cauã Reymond) — que a essa altura já havia conseguido um cargo de executivo na TCA — e Olavo (Ricardo Teodoro) para apostarem nesse mercado. Enquanto isso, Aldeíde (Karine Teles) virou mãe de um bebê reborn.
Esses são apenas três exemplos de temas que entraram na novela tão rápido quanto desapareceram, com abordagens bem questionáveis. Aliás, alguém lembra do que trata a novela Vale Tudo?