De O Espião que Sabia Demais a Boneco de Neve: uma retrospectiva da queda de Tomas Alfredson, o promissor diretor sueco que viu sua carreira sofrer com um fracasso comercial monumental…
Às vezes, basta um único passo em falso para arruinar uma carreira promissora: foi o caso do diretor sueco Tomas Alfredson, que após belos sucessos, encontrou o fracasso com sua adaptação de um famoso romance policial norueguês.
Seis anos depois de brilhar com seu filme de espionagem O Espião que Sabia Demais, o cineasta de fato enfrentou em 2017 um novo projeto: a adaptação do romance Boneco de Neve, assinado pela estrela do policial nórdico, Jo Nesbø. Infelizmente, esta tentativa resultou em um sério revés comercial.
Universal Pictures
Revelado em 2008 graças a Deixa Ela Entrar, um filme de vampiros de pequeno orçamento que se tornou um sucesso mundial, Alfredson então atraiu a atenção da indústria cinematográfica. Selecionado em mais de trinta festivais internacionais, premiado em Gérardmer e indicado aos European Film Awards e aos BAFTA, Deixa Ela Entrar o estabeleceu como um talento a ser observado. Quatro anos depois, ele confirmou sua virtuosidade com O Espião que Sabia Demais, uma adaptação do romance cult de John Le Carré, sustentada por um elenco cinco estrelas: Gary Oldman, Colin Firth, Tom Hardy, Mark Strong e John Hurt. O filme foi aclamado tanto pela crítica quanto pelo público.
A partir daí, quando lançou, 6 anos depois, Boneco de Neve, as expectativas da indústria estavam presentes. O filme, que originalmente deveria ser dirigido por Martin Scorsese, acabou sendo confiado a ele. Este suspense gelado apresentava Harry Hole, o emblemático inspetor de Jo Nesbø, herói recorrente de onze romances. O livro, sétimo da série, havia encontrado um imenso sucesso, tornando-se best-seller nos Estados Unidos, fazendo parte da lista do New York Times, bem como no Reino Unido.
Um fracasso retumbante
Mas onde O Espião que Sabia Demais havia conseguido seu objetivo, Boneco de Neve decepcionou em todas as frentes. E isso, apesar de um elenco impressionante composto por Michael Fassbender, Rebecca Ferguson, J.K. Simmons, Charlotte Gainsbourg e até Val Kilmer. O filme, apresentado em pré-estreia em outubro de 2017 no Festival Internacional de Cinema de Haifa, e depois distribuído nos cinemas, foi amplamente ignorado pelo público, arrecadando apenas 43 milhões de dólares em todo o mundo contra um orçamento de 35 milhões. Também foi depreciado pela crítica, que denunciou sua trama “fragmentada e incompreensível”, bem como a falta de direção dada aos seus atores principais, e que o qualificou como “clichê e pouco envolvente”.
Universal Pictures / Jack English
Tomas Alfredson, entrevistado pela televisão norueguesa NRK, reconheceu que a produção havia sido precipitada e mal preparada e que sua narrativa tinha lacunas que ele não conseguiu preencher, por não ter conseguido filmar tudo o que havia imaginado.
“Nosso tempo de filmagem na Noruega foi muito curto demais. Não tínhamos toda a história conosco e quando começamos a fazer a montagem, descobrimos que faltava muita coisa. É como se você estivesse montando um grande quebra-cabeça e faltassem algumas peças para não ver o quadro completo”.
Ele também denunciou um lançamento de produção caótico: “Aconteceu muito bruscamente – de repente, ficamos sabendo que finalmente tínhamos o dinheiro e que poderíamos começar as filmagens em Londres”.
Desde esse fiasco, a carreira do diretor parece estar estagnada. Seu filme seguinte, The Jönsson Gang, foi lançado discretamente em VOD, sem fazer barulho. Alguns curtas-metragens confidenciais depois, e sem estrelas internacionais ao seu lado, Tomas Alfredson parece ter perdido o impulso que o sustentava após Deixa Ela Entrar e O Espião que Sabia Demais.
