Diretor de performance musical e preparador vocal de cinebiografias como Elis e Simonal, Felipe Habib retorna ao cinema para ajudar a dar vida ao vocalista do Charlie Brown Jr.
Responsável por ajudar atores a se transformarem em grandes nomes da música brasileira, Felipe Habib volta ao cinema em um aguardado projeto que promete emocionar os fãs: a cinebiografia de Chorão, vocalista do Charlie Brown Jr., protagonizada por José Loreto e baseada no livro “Se não eu, quem vai fazer você feliz?”.
Mário Alencar
Depois de ser responsável por transformações memoráveis como as de Tiago Abravanel para viver Tim Maia, Andreia Horta e Laila Garin em Elis, Emílio Dantas em Cazuza, Fabrício Boliveira em Simonal, Rodrigo e Felipe Simas em Chitãozinho e Xororó, Habib se consolidou como uma das principais referências na preparação vocal e corporal de intérpretes em obras musicais. Agora ele retoma a parceria com o diretor Hugo Prata e fala sobre os desafios de equilibrar sua vida entre os bastidores do cinema, o teatro e a música.
O desafio de traduzir Chorão
Para Felipe Habib, o grande desafio em Chorão: Só os Loucos Sabem foi encontrar a medida exata entre a intensidade e a vulnerabilidade do cantor. “O Chorão tinha uma complexidade existencial muito forte. Ele tinha uma forma muito particular de falar, de cantar, de colocar o corpo nas palavras”, explica o artista. “Reproduzir essa verdade, essa visceralidade, exigiu muito cuidado e estudo”.
Essa atenção ao detalhe é o que marca sua trajetória. “O que torna cada trabalho único é justamente o fato de cada indivíduo ser radicalmente único”, reflete. “Mergulhar no estudo sobre quem essa pessoa é e entender como sua complexidade se manifesta através da voz e do gesto é o que faz cada trabalho ser tão especial”.
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Reencontro com Hugo Prata
Dez anos depois do sucesso de Elis, Habib se reencontra com o diretor Hugo Prata para mais um mergulho na música. A parceria, segundo ele, amadureceu com o tempo. “Naquela época, eu não tinha filhos. Hoje tenho dois. Assisti a Elis recentemente e me emocionei de um jeito completamente novo. A vida muda a gente, e tudo o que a gente faz depois de dez anos é diferente”.
Nos bastidores, o processo de preparação é intenso e prolongado. “Gosto de ensaios longos porque é nesse tempo que surgem as nuances mais profundas”, conta. “Começamos a preparação dois ou três meses antes das filmagens, e no set eu costumo chegar mais cedo, conversar com o ator, ancorar o corpo e a energia para o momento da câmera. É um trabalho de escuta e presença”.
Entre o palco, o estúdio e o set
Além do cinema, Habib também se divide entre os palcos e a música. Ele está em cartaz com o espetáculo ZaQuim e prepara o lançamento de seu disco autoral, Eu Tu Eu.
“É uma verdadeira loucura”, brinca. “Estava imerso na gravação do disco quando fui chamado para o filme do Chorão. Esses movimentos são desafiadores, porque exigem mergulhos diferentes. Sair do meu universo sonoro e entrar no mundo do Chorão foi um choque, no melhor sentido”.
Habib também dedica parte de sua rotina a projetos sociais, como o Abraça Gávea, iniciativa que reúne artistas profissionais, iniciantes e alunos de diferentes contextos em um mesmo palco. “Liderar é estar com as pessoas. O Abraça Gávea é um exercício de convivência cultural e social muito valioso. Fala sobre encontro e sobre escuta e isso é essencial para qualquer artista”.
Depois de tantos projetos que ajudam a contar a história da música brasileira no cinema, Felipe Habib acredita que ainda há muito por vir. “Se a gente dedica tempo de escuta e de olhar, descobre que dentro de cada indivíduo há uma biografia que pode e merece ser contada”, conclui.




