É uma das anedotas mais incômodas por trás das câmeras da trilogia de ficção científica e acabou em um processo judicial.
É uma das trilogias cinematográficas mais perfeitas que existem e também uma das poucas que conseguiu manter-se intacta e não acabar no turbilhão de reboots, novas sequências e remakes, mas De Volta para o Futuro, apesar de ser uma saga que transpira boas vibrações e transborda carisma por todos os lados, também experimentou seus altos e baixos durante as filmagens de seus filmes.
Para começar, Robert Zemeckis e Bob Gale não puderam levar adiante o projeto até passados alguns anos após terem começado a trabalhar em seu conceito, mas, uma vez que o fizeram, tiveram que enfrentar vários desafios. Entre outros, diversos problemas relacionados com o elenco, que os fizeram ter que prescindir de alguns atores e contratar outros em seu lugar ou diretamente eliminar os personagens.
No primeiro filme de De Volta para o Futuro, sem ir muito longe, trocaram o protagonista, Eric Stoltz, quando já havia filmado grande parte do filme como Marty McFly, enquanto que, quando rodaram o segundo, descobriram que Claudia Wells não poderia retornar como Jennifer e tiveram que contratar Elisabeth Shue. Em De Volta para o Futuro 2 também tiveram que prescindir dos irmãos de Marty e abordar uma de suas polêmicas mais comentadas: a saída de Crispin Glover como George McFly, que não esteve isenta de maus momentos e acabou com uma ação judicial que a equipe do filme perdeu.
Universal Pictures
O resumo é que Glover ficou fora da saga por causa de um considerável aumento de salário que o ator pediu após o sucesso do filme original e que os criadores não estavam dispostos a pagar. Esse foi o estopim, pelo menos, embora posteriormente o roteirista Bob Gale confessasse que também não era exatamente fácil trabalhar com ele. A coisa terminou muito mal: em vez de contratar outro ator para o personagem sem mais, a equipe tentou disfarçar a mudança fazendo com que seu substituto, Jeffrey Weissman, se parecesse com Glover utilizando próteses, pelo que o ator os processou e saiu vencedor.
Infelizmente para Glover, por mais que ganhasse o processo, ficou fora de uma saga de sucesso que passou para a história, embora seu personagem seja tão fundamental no primeiro filme que continua sendo um dos mais icônicos de sua carreira. O que frequentemente nos esquecemos é que alguns anos depois Crispin Glover acabou participando de outro filme de viagens no tempo: A Ressaca, no ano de 2010.
O próprio Bob Gale mostrou sua surpresa em uma entrevista com The Hundreds em 2015, coincidindo com o ano para o qual Marty viajava ao futuro em De Volta para o Futuro 2:
É curioso que Crispin Glover não fizesse nossas sequências, mas decidisse fazer isso
“Demonstra que se você pode construir uma máquina do tempo em um DeLorean, também pode convertê-la em uma banheira de hidromassagem”, comentou sobre o filme, embora confessando que não havia visto a segunda parte lançada nesse mesmo ano: “Ninguém a viu”. Crispin Glover também não esteve na segunda parte.
Não foi o único comentário que Bob Gale fez sobre Crispin Glover nessa mesma entrevista: “Ele tinha muito talento. Sua atuação era fantástica. Mas o que ainda lhe faltava eram as habilidades técnicas que um ator precisa para saber como acertar o alvo, para saber como fazê-lo exatamente da mesma maneira, para fazer seus movimentos físicos da mesma forma em cada tomada. Tivemos muitas situações em que ele não acertava o alvo corretamente ou simplesmente não tinha a disciplina que precisávamos. Então tivemos que pressioná-lo muito”, explicou sobre os inconvenientes de filmar com ele.
Ainda assim quiseram contar com ele novamente: “Oferecemos a Crispin voltar e fazer parte da equipe, e ele pensou que valia muito mais dinheiro do que nós acreditávamos”.