Steven Spielberg encontrou o protagonista de Tubarão por acaso em uma festa em Hollywood, um encontro que ajudou a definir não apenas o clássico de 1975, mas o conceito moderno de blockbuster.
Há 50 anos, Steven Spielberg revolucionou o cinema com Tubarão, transformando um modesto thriller sobre um tubarão assassino em um fenômeno cultural e no filme mais lucrativo da história até então. A produção inaugurou a era dos grandes sucessos de bilheteria, dominando Hollywood até a chegada de Star Wars, dois anos depois.
Mas antes de se tornar sinônimo de “blockbuster”, Tubarão quase naufragou por um motivo curioso: Spielberg não conseguia encontrar o ator certo para interpretar o chefe de polícia Martin Brody, o homem comum que enfrenta o terror nas águas de Amity Island.
A busca por um herói comum
Nos anos 1970, o público se identificava com protagonistas imperfeitos e realistas, distantes dos galãs tradicionais. Eram personagens que pareciam pessoas de verdade, homens exaustos, éticos e cheios de falhas, como Walter Matthau em Garotos em Ponto de Bala. Spielberg queria alguém assim, um herói que enfrentasse o medo com humanidade.
O diretor, então em ascensão, estava sob pressão do estúdio Universal após o desempenho morno de Louca Escapada. Tubarão seria seu teste decisivo: um fracasso poderia encerrar sua carreira antes mesmo de começar.
O encontro que mudou tudo
A solução surgiu de forma inesperada. Em entrevista à Vanity Fair, Spielberg contou que tudo aconteceu em uma festa em Hollywood. “Eu me lembro de estar em uma festa uma noite, e Roy Scheider, de quem eu gostava muito em Operação França, sentou-se ao meu lado e disse: ‘Você parece meio deprimido’. Eu respondi: ‘Não, só estou com problemas para escalar o elenco do meu filme’. Ele perguntou qual era o filme, e eu expliquei que era baseado em um livro chamado Tubarão, contando toda a trama.”
No fim, Roy disse: ‘Uau, que ótima história! E quanto a mim?’. Eu olhei para ele e disse: ‘Sim, por que não você? Você seria um ótimo chefe Brody!’
Esse diálogo improvável selou o destino do filme — e do próprio Spielberg. Scheider, que havia chamado atenção como o parceiro de Gene Hackman em Operação França, era o rosto ideal do cidadão comum lançado a uma situação extraordinária.
