Estúdio ainda teria proibido outros assuntos delicados, como divórcio e questões ambientais.
Há alguns anos, a Pixar vem passando por algumas crises internas que foram tão intensas que acabaram transbordando ao público. Para além das bilheterias afetadas pela pandemia, a “rejeição” a projetos originais fez com que o estúdio focasse seus esforços majoritariamente em continuações, como Divertida Mente 2 e os vindouros Viva 2, Os Incríveis 3 e Toy Story 5.
É justamente por isso que ver Elio chegando aos cinemas, com uma história tocante, cheia daquilo que construiu o império emocional da empresa, representou um alento para os fãs da indústria cinematográfica. No entanto, alguns dos problemas passados voltaram à tona nesta semana. De acordo com fontes do The Hollywood Reporter, o filme que desembarcou nas telonas é muito mais diferente do que sua concepção original.
Adiado 2 vezes, Elio chega aos cinemas completamente diferente da ideia original
Sabe-se que foram feitas diversas mudanças para abraçar um tom mais lúdico na trama, mas tornou-se de conhecimento público que o protagonista seria um personagem queer, algo que refletiria a identidade de Adrian Molina, diretor original do projeto – depois substituído por Madeline Sharafian e Domee Shi. Essas fontes afirmam que, embora não fosse um longa sobre o garoto saindo do armário, ele teria elementos que o trariam para essa esfera.
Ele teria paixões por ambientalismo e moda, além de ter um pôster de um algum crush em seu quarto. No entanto, os executivos pediram para que o personagem se tornasse masculino e seus gostos alterados. Com o pedido de mudanças da cúpula e uma exibição teste que, embora tenha agradado a audiência, não representava garantia da ida ao cinema, o diretor deixou o filme.
Pixar
“Fiquei profundamente triste e magoada com as mudanças que foram feitas”, disse Sarah Ligatich, ex-editora assistente da Pixar e membro do grupo LGBTQ+ interno da empresa, o PixPRIDE. “O êxodo de talentos após essa versão foi realmente indicativo de como muitas pessoas ficaram infelizes por terem alterado e destruído esta bela obra.”
“Ficou bem claro durante a produção da primeira versão do filme que [os líderes do estúdio] estavam constantemente mudando esses momentos do filme que faziam alusão à sexualidade queer de Elio”, disse outra fonte que não preferiu não se identificar.
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“O Elio que está nos cinemas agora é muito pior do que a melhor versão original de Adrian.” Outro ex-funcionário da Pixar que trabalhou no filme acrescenta: “[O personagem] Elio era tão fofo, tão divertido e tinha tanta personalidade, e agora ele me parece muito mais genérico”, apontou outro ex-funcionário da empresa.
Neste ritmo de reformulações, os líderes da Pixar parecem continuar definindo outros padrões aos próximos filmes do estúdio. Além de vetar personagens queer com relevância, mensagens ambientais devem ser suavizadas e problemas conjugais não podem existir nestas histórias. “Disseram a um diretor: ‘Você não pode ter divórcio neste filme’, o que é muito louco”, comentou outra fonte.
Pixar
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Esses depoimentos fazem coro com a carta aberta feita por funcionários da Pixar em 2023, quando profissionais lutavam contra um projeto de lei que afetava diretamente a população LGBTQIAPN+ e como a empresa acabou envolvida nesta batalha política ao vetar personagens queer em suas histórias.
Elio segue em cartaz nos cinemas.




