Nenhum estúdio queria, mas o mundo inteiro celebrou esse triunfo no Oscar.
No cinema, grandes momentos muitas vezes surgem por acaso — como o tropeço improvisado de Leonardo DiCaprio que virou cena icônica em Titanic ou a queda desengonçada de Anne Hathaway em O Diário da Princesa. Por outro lado, há produções que enfrentam anos de obstáculos até chegarem às telas e, mesmo assim, se consolidam como joias da sétima arte.
Esse é o caso de um filme que, durante quase duas décadas, foi rejeitado por investidores, diretores e atores — mas que, no fim, arrebatou seis indicações ao Oscar e levou três estatuetas, incluindo a de Melhor Ator. Nele, o público testemunhou a transformação chocante de Matthew McConaughey, mas por trás da metamorfose física havia uma história de perseverança, paixão e resistência.
A história real que se tornou um dos melhores filmes de 2013
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Estamos falando de Clube de Compras Dallas, cujo projeto começou nos anos 1990, quando o roteirista Craig Borten decidiu retratar a vida real de Ron Woodroof, um eletricista do Texas diagnosticado com HIV na década de 1980 — época em que o preconceito era tão mortal quanto a doença. Sem opções de tratamento eficazes nos EUA, Woodroof passou a importar medicamentos alternativos e criou um “clube” para distribuí-los a outros pacientes na mesma situação.
Embora a história fosse poderosa e comovente, capaz de chocar consciências, Hollywood inicialmente não enxergou seu potencial. O roteiro foi recusado por quase todos os grandes estúdios: alguns o consideravam polêmico demais, outros viam o tema como deprimente, e havia quem simplesmente evitasse abordar a epidemia de HIV/AIDS, ainda um tabu em muitos círculos.
De milhares de ‘nãos’ a um dos filmes mais prestigiados do ano
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A primeira tentativa de produção, em 1996, fracassou. O projeto ficou anos circulando entre produtoras, até que, na década de 2010, Matthew McConaughey resolveu abraçar a causa. O ator, então conhecido por comédias românticas, emagreceu mais de 20 quilos para viver Ron Woodroof e usou sua influência para convencer o mercado de que o filme valia a pena.
Jared Leto juntou-se ao elenco, também passando por uma transformação radical para interpretar Rayon, uma mulher trans com HIV que se torna aliada de Ron. Por fim, o diretor Jean-Marc Vallée — que mais tarde ganharia fama com Big Little Lies — assumiu a direção em 2012, imprimindo ao filme a estética crua e emocional que ele precisava.
O resultado? Arrasador. Quando Clube de Compras Dallas estreou, em 2013, deixou o público e a crítica maravilhados. Além dos prêmios, o longa reacendeu debates sobre acesso à saúde, discriminação e a luta de quem desafia o sistema para sobreviver. De quebra, reinventou a carreira de McConaughey, pavimentando seu caminho para papéis densos, como o de Interestelar.
No fim das contas, aquele filme que ninguém queria fazer tornou-se impossível de ignorar. Clube de Compras Dallas está disponível para aluguem no Prime Video e Apple+.
