A saudosa Beatriz Segall revelou qual foi a grande ruína na vida da personagem, algo que a fez sofrer mais do que a própria morte.
O grande mistério sobre quem matou Odete Roitman chegará ao fim na próxima sexta-feira, 17 de outubro, no último capítulo do remake de Vale Tudo, e os palpites estão a todo vapor. No entanto, embora o crime tenha sido chocante, a intérprete da personagem na versão original acreditava que o maior castigo da vilã foi outro, e não o assassinato.
Na novela de 1988, a assassina de Odete foi uma personagem inesperada: Leila (Cássia Kis). Porém, ela não queria matar a empresária, e sim Maria de Fátima (Glória Pires). Odete estava apenas no lugar errado e na hora errada. Na época, a revelação acabou decepcionando muita gente, inclusive o próprio dono da Globo, Roberto Marinho.
Naquele ano, a morte foi por acaso, mas Beatriz Segall, que deu vida à megera, revelou que o desfecho da vilã não foi o pior que ela enfrentou. Para a atriz, que faleceu em setembro de 2018, o verdadeiro pesadelo de Odete – e, pode-se dizer, até o seu karma – foi ter que lidar com um personagem quase tão ruim e sem caráter quanto ela.
A ruína de Odete Roitman
Em entrevista ao Vídeo Show, a veterana falou sobre o legado de Vale Tudo, o elenco em sintonia e o destino de sua personagem. “Não acho que o grande castigo da Odete Roitman tenha sido ser assassinada. Ela foi assassinada por acaso. O grande castigo dela foi ter se apaixonado pelo César (Carlos Alberto Riccelli)”, confessou Beatriz.
Divulgação/TV Globo
A primeira versão e o remake compartilham algo em comum: a poderosa acaba totalmente entregue ao malandro César, que no início a trata bem por interesse, mas depois a descarta de seus planos. Em 1988, o desfecho foi ainda mais triste, já que o etarismo ficou escancarado e ela parecia, de fato, estar pagando por todos os seus pecados.
“Outra mulher igual a mim você não vai conseguir. Eu sei perfeitamente que eu não tenho mais 20 anos, mas eu não sou esse corpo que você está vendo. Eu sou muito mais do que isso. Não sou a juventude e minha pele. Eu sou Odete Roitman.”, disse a personagem em uma cena.
A trama, repleta de temas polêmicos e sensíveis, ficou marcada pela vilania de Odete, e seu assassinato entrou para a história da TV brasileira. “Acho que Vale Tudo foi a melhor novela que a Globo já fez. Todo mundo estava muito contente, muito alegre, porque havia oportunidade para todos mostrarem seus talentos. E eram muitos talentos”, afirmou Segall.
Nem César, nem Fátima: No maior mistério da trama original, um personagem inesperado quase acabou com a vida de Odete Roitman
Mereceu ou não mereceu?
Ao longo da trama exibida no final da década de 1980, o país acompanhou as maldades e polêmicas de Odete Roitman, que, apesar de tudo, conseguiu conquistar o público. Mas isso não foi suficiente para que todos esquecessem suas ações, e a conta por atrapalhar a vida de Raquel (Regina Duarte), Maria de Fátima e até de sua própria família finalmente chegou.
E a pergunta que fica é: será que foi do jeito certo? Ela realmente merecia ter sido assassinada? Beatriz Segall tinha uma opinião bastante firme sobre isso.
“O Brasil inteiro discutiu se ela merece ou não merece morrer. Até a mim vieram perguntar se eu achava que ela deveria ser castigada. Agora, uma coisa que ninguém pensou foi o seguinte: o Brasil inteiro está aceitando um assassinato. E um assassinato é um assassinato. Porque, se alguém comete um crime, tem que ser julgado. Ela teria que ser acusada dos crimes que cometeu, ser presa, ir a julgamento e ser condenada”, disse em entrevista a TV Brasil.
“Nesse país não existe pena de morte. Isso é uma coisa muito séria a se pensar, porque achar que ela ser assassinada é um grande castigo, nós estamos admitindo a pena de morte e estamos admitindo algo pior do que um assassinato de Estado: estamos admitindo o esquadrão da morte, os justiceiros. Não podemos aprovar isso, devemos aprovar a lei”.
