Um verdadeiro emblema do cinema clássico dirigido por Elia Kazan.
Falar de Marlon Brando é, inevitavelmente, lembrar de clássicos como O Poderoso Chefão, Júlio César, O Selvagem, Apocalipse Now e até ao controverso Último Tango em Paris. No entanto, entre tantos papéis memoráveis, há quem considere que sua performance mais impactante não esteja em nenhuma dessas produções.
Ao longo de sua carreira, Brando deu vida a personagens icônicos e inesquecíveis, deixando um legado profundo na história do cinema. Ainda assim, um de seus desempenhos mais comoventes e humanos — longe do universo da máfia, da guerra ou polêmicas — está em um filme que mostra um outro lado do ator, mais sensível e vulnerável.
Estou falando do drama de tribunal Sindicato dos Ladrões, dirigido por Elia Kazan e lançado em 1954. Foi por esse papel que Brando conquistou o Oscar de Melhor Ator, em uma noite em que o longa levou para casa nada menos que oito estatuetas. Uma atuação intensa e cheia de nuances, que até hoje é apontada como uma das mais brilhantes de sua carreira.
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Na trama, Johnny Friendly (Lee J. Cobb), o chefe do sindicato dos estivadores, que usa métodos mafiosos para controlar e explorar os estivadores nas docas de Nova York. Também conhecemos Terry Malloy (Marlon Brando), um boxeador fracassado que trabalha para ele e que, involuntariamente, foi implicado em um de seus crimes.
Quando Malloy conhece Edie Doyle (Eva Marie Saint), irmã da vítima, uma profunda transformação moral ocorre dentro dele, levando-o a se arrepender de sua vida passada. Através de Edie, ele conhece o Padre Barrie (Karl Malden), que tenta encorajá-lo a ir ao tribunal e contar tudo o que sabe.
Outra joia do cinema clássico
Sindicato de Ladrões não é apenas um dos grandes clássicos do cinema americano, mas também o filme que definitivamente consolidou o status de Marlon Brando como um dos atores mais respeitados de sua geração.
Após várias indicações, a estatueta dourada foi finalmente conquistada por Brando devido a sua mistura de crueza emocional, realismo social e atuação profundamente contida. Esses elementos tornaram o filme inovador na época.
Além disso, a aclamação da crítica ao filme tem sido avassaladora ao longo das décadas, e ele continua sendo um dos clássicos mais elogiados pelos especialistas. Isso se deve, em parte, à maneira como aborda o dilema ético do protagonista, à direção de Kazan e ao roteiro de Budd Schulberg, que o tornou um marco no cinema americano dos anos 1950.
Pode não ser tão popular quanto O Poderoso Chefão, mas sua reputação é impecável. E, não importa quantos anos passem, continuará sendo um dos grandes ícones da história do cinema.
Embora as comparações sejam odiosas, discutir as diferenças entre Sindicato de Ladrões e O Poderoso Chefão pode ser interessante, pois revela muito sobre a evolução do cinema e do próprio Marlon Brando. No primeiro, o vemos mais jovem e brutal, comprometido com um papel fisicamente exigente e entregando uma atuação naturalista que muitos consideram o ápice de sua carreira.