O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da 80ª Assembleia Geral da ONU marcou um contraponto direto à forma como o Brasil foi representado durante o governo Jair Bolsonaro. Em Nova York, Lula adotou uma postura de estadista: falou de democracia, soberania, combate à fome, desigualdade e mudanças climáticas, além de cobrar reformas nas instituições multilaterais. O tom foi claro, seguro e alinhado às grandes preocupações globais.
A comparação com Bolsonaro é inevitável. Enquanto o ex-presidente usava a tribuna da ONU para reforçar bandeiras ideológicas, confrontar organismos internacionais e alimentar sua base política, Lula preferiu falar ao mundo. O atual presidente buscou reposicionar o Brasil como voz relevante do Sul Global, defendendo causas universais e propondo diálogo em vez de conflito.
Bolsonaro, por sua vez, pode ter agradado seus apoiadores internos com discursos combativos, mas deixou o país isolado, sobretudo em temas ambientais e comerciais. Sua retórica reforçava o antagonismo e reduzia a credibilidade do Brasil. Lula, ao contrário, recuperou a imagem diplomática construída ao longo de décadas e sinalizou que o país está disposto a participar ativamente das soluções globais.
Em termos de política externa e impacto diplomático, Lula venceu o embate. Mais que uma vitória pessoal, trata-se de uma recuperação do prestígio do Brasil no cenário internacional. A ONU é palco de visibilidade mundial — e Lula soube usá-lo para recolocar o país como ator confiável. Bolsonaro, limitado ao seu público doméstico, perdeu a chance de transformar a tribuna global em instrumento de influência.
O saldo é claro: Lula mostrou capacidade de liderança e visão global, enquanto Bolsonaro restringiu o Brasil a um discurso de trincheira. Na arena internacional, a diferença entre os dois não poderia ser mais evidente.
