Pediram para ele rir e ele só conseguiu chorar. “Acho que ele é um ator dramático”, disse o diretor.
Em 1974, Pilar Bardem equilibrava sua carreira de atriz com seu papel de mãe. Ela tinha três filhos e uma reputação de artista que precisava não só manter, mas também fortalecer, como faria anos depois. Foi por isso que uma manhã Pilar decidiu levar Javier Ángel para as filmagens de seu novo projeto, a série El Pícaro, sem saber que daria ao seu pequeno a estreia em uma das filmografias mais destacadas da indústria audiovisual internacional.
Sim, Javier Ángel era Javier Bardem, e ele estreou no audiovisual aos 6 anos de idade com um pequeno papel que não foi um sucesso. Na verdade, aquele pobre garoto levou um belo susto diante das câmeras, e quem sabe se o que passava pela cabeça dele naquele momento era cair fora e ficar o mais longe possível da atuação.
Como contou em uma entrevista à WIRED, o ator que deveria aparecer na cena não foi ao set — por algum motivo — e Pilar sugeriu seu próprio filho.
Eu deveria rir, mas chorei e o diretor disse: ‘Ok, ele é um ator dramático, tudo bem.’
O diretor foi ninguém menos que Fernando Fernán Gómez, que deu a Bardem a primeira de muitas oportunidades na indústria. El Pícaro foi uma série de comédia televisiva ambientada no século XVII, na Espanha e na Itália, que acompanha Lucas Trapaza (Gómez), um bandido que faz de tudo para sobreviver. Bardem nem aparece creditado, mas foi uma estreia na profissão com grande alarde.
Javier Bardem estava passando por um momento difícil quando assumiu esse papel, mas acabou sendo o filme mais aclamado de sua carreira
Seu segundo papel também seria graças à sua mãe, já que aos 11 anos apareceu no filme El Poderoso Influjo de la Luna, dirigido por Antonio del Real. Mais tarde ganharia impulso por conta própria e apareceria em séries como Segunda Enseñanza (1986), Brigada Central (1989) e no programa El Día por Delante (1989).
Seu primeiro papel importante seria em Jamon Jamon (1992). O diretor era Bigas Luna, uma figura por quem Bardem sentia profunda admiração. Na verdade, ele o chamava de Papa Luna por causa da grande influência que sua maneira de trabalhar teve sobre ele. A produção alavancou Luna e todo o elenco de atores que participou dela para a fama. Além de Bardem, o filme contou com Penélope Cruz e Jordi Mollá e, segundo o próprio ator, é graças a esses papéis que todos eles conseguiram manter uma carreira no cinema. Foi também durante as filmagens que Javier e Penélope se conheceram e, embora não tenham ficado juntos naquela época, o destino os uniria novamente para formar um dos casais mais estáveis da indústria.