Um dos marcos da infraestrutura de transporte rodoviário do Ceará acaba de mudar de mãos. A emblemática garagem da Fretcar, localizada a apenas 600 metros do Terminal da Parangaba, em Fortaleza, foi negociada após anos de incerteza sobre seu destino. O terreno, com mais de 20 mil metros quadrados, abrigava uma das maiores estruturas do tipo no estado, com galpões de manutenção, salas administrativas e capacidade para mais de 200 veículos.
A nova proprietária do espaço é a Diagonal Engenharia, mas o valor da transação não foi divulgado. Nos últimos tempos, a Fretcar ainda tentou alugar o imóvel por R$ 110 mil mensais, sem sucesso — reflexo talvez das transformações que o setor vem enfrentando.

Construída em 2008 para atender à então crescente Cidade Luz, empresa do grupo familiar Abreu Carlos, a garagem representou um investimento ambicioso para acomodar uma frota que mal ultrapassava 70 ônibus. Era um novo tempo, com expansão nas linhas metropolitanas e intermunicipais, e o imóvel foi essencial para essa estruturação.
No entanto, nem tudo foi simples. Problemas estruturais no novo espaço fizeram a Cidade Luz cogitar voltar à antiga garagem, na rua Nereu Ramos — hoje ocupada pela MS Turismo. As negociações não avançaram e a Cidade Luz permaneceu no novo endereço, com a garagem da rua Napoleão Quezado ajustada e consolidada como sede definitiva.

Em 2014, o grupo Fretcar arriscou novos rumos. Com a criação da Fretlog, investiu pesado na compra de caminhões e na tentativa de entrar no setor de transporte logístico. A operação, porém, não teve o retorno esperado. Ainda assim, o espaço chegou a comportar mais de 220 veículos, entre ônibus e caminhões.
Em 2022, após décadas de atuação marcante, a Fretcar encerrou suas atividades no Ceará. Mas o grupo não desapareceu. Hoje, mantém operações em Aracaju (SE) e ainda se diversifica em negócios fora do setor de transporte.
A venda da garagem representa o fim simbólico de uma era, marcada por ambições, desafios e a constante transformação do cenário do transporte coletivo no estado. Para quem acompanhou de perto essa trajetória, fica a lembrança de uma estrutura que foi sinônimo de crescimento e movimento — e que agora abre espaço para um novo ciclo urbano.