O jovem artista seguiu um novo rumo aos 14 anos, depois de estrelar nove novelas na TV Globo.
Alguns atores mirins ficam marcados na memória e do coração do público, seja pela fofura ou pelo talento que demonstram desde muito jovens. Um desses casos é o de Eduardo Caldas, que conquistou o Brasil em Felicidade (1991), quando tinha apenas sete anos de idade.
Na novela de Manoel Carlos, ele interpretou Alvinho, um menino muito esperto, filho do personagem de Tony Ramos. A partir daí, emendou mais oito novelas na Globo, com destaque para De Corpo e Alma (1992), Sonho Meu (1993), Quatro por Quatro (1994), Vira-Lata (1996) e Era Uma Vez (1998), seu último folhetim na emissora.
Depois disso, ele deixou de receber convites para atuar em novas novelas, mas sua história no mundo artístico não terminou. Na verdade, Eduardo continua envolvido com as artes cênicas, mas atrás das câmeras. Tudo isso graças ao trauma que a exposição na infância gerou.
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Carreira de ator abandonada
Com apenas 14 anos, ele resolveu abandonar a atuação. A timidez e o desconforto com os holofotes influenciaram sua decisão, mas as vivências desafiadoras deixaram marcas que o acompanham até hoje. Mais tarde, Eduardo se formou em cinema e, tão apaixonado pelas produções quanto antes, resolveu seguir outro caminho: agora atua como roteirista.
“Chegou um momento em que eu não aguentava mais e falei para a minha mãe que queria parar. Ela disse que tudo bem, que eu descansasse e que, quando estivesse com saudade, poderia voltar”, revelou o ex-ator global em entrevista ao Jornal O Globo.
A questão é que eu nunca senti saudade. Queria me esconder e não ser achado. Queria distância da fama e do mundo da atuação. Mas, de certa forma, aquele universo ainda fazia parte de mim
Após a decisão, ele se reinventou. “Me formei em cinema e passei a trabalhar com roteiro e direção. Foi só no ano passado que eu voltei a assinar como Eduardo Caldas e a usar esse nome. Também abri o meu perfil, que antes era privado. Não queria ser achado”.

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Nesse meio tempo, o roteirista já produziu longas-metragens, documentários e até séries, como O Grande Gonzalez – mas seu grande desejo é escrever uma versão moderna de Felicidade.
“Recebi convites, pedidos especiais, mas eu entendi que essa época [de atuar em novelas] passou, fiz tudo que tinha que fazer, atingi um topo e pensei que não tinha mais muito o que fazer. Estava na hora de buscar outras coisas. Eu faria uma ‘Felicidade 2020’, para mostrar como os personagens estão hoje”, comentou em entrevista ao Gshow.
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Enquanto esse sonho não se concretiza, Eduardo se dedica a outros projetos. A experiência como ator mirim não foi fácil e acabou despertando uma nova ideia: criar uma série de produções sobre a realidade dessas crianças.
Para isso, ele já entrevistou mais de 65 ex-atores mirins e colheu relatos sensíveis que o ajudaram a compreender ainda mais o impacto do período em que esteve exposto à fama.
“Hoje compreendo melhor e sei que não foi algo específico que fez com que eu me afastasse da carreira, mas uma série de coisas difíceis de serem explicadas. Existe uma crise de identidade quando se é ator mirim, pois fica difícil distinguir entre o que é parte de nós e o que pertence ao personagem, revelou ele ao jornal O Globo.
Você pode até pensar que o trauma afastou de vez a vontade dele de atuar, mas o novo projeto reacendeu uma chama que havia sido apagada há anos. Se antes Eduardo não cogitava jamais voltar para frente das câmeras, hoje novas possibilidades começam a surgir no horizonte.
“A partir deste projeto, comecei a pensar em criar um monólogo de teatro, inspirado pelos relatos que recolhi, marcando minha volta à atuação depois de cerca de 25 anos. Não estou falando de voltar a fazer novelas, mas percebi que a atuação é parte de mim”, concluiu.