Era seu segundo filme como diretor e sua primeira incursão no western nesta nova faceta de sua carreira, mas irritou a grande lenda do cinema do Oeste.
John Wayne e Clint Eastwood tinham 23 anos de diferença e seus melhores momentos profissionais aconteceram em épocas muito diferentes, mas ambos têm em comum serem autênticas lendas do cinema western. No entanto, embora os dois atores tenham estado ativos ao mesmo tempo por algumas décadas e compartilhassem a paixão pelo gênero do Oeste, nunca chegaram a trabalhar juntos nem a se encontrar em nenhuma filmagem.
Porém, não foi por falta de vontade de Clint Eastwood: enquanto Wayne sempre mostrou certo receio em relação ao jovem talento, Eastwood sim tinha vontade de trabalhar com Wayne em um de seus futuros projetos e chegou a entrar em contato com o ganhador do Oscar por Bravura Indômita para propor. Mas Wayne não estava interessado.
A razão? Um filme que havia consagrado Eastwood como diretor mas que não tinha agradado nada ao veterano: O Estranho Sem Nome, sua primeira incursão no cinema western como cineasta e um dos mais bem avaliados de sua carreira, que está disponível na Netflix.
Depois de estrear como cineasta no suspense Perversa Paixão, o segundo filme de Clint Eastwood como diretor havia obtido grande sucesso, mas Wayne não tinha gostado. Segundo contaria Eastwood, foi a própria lenda do faroeste quem lhe enviou uma carta manuscrita explicando.
Clint Eastwood: “John Wayne me escreveu uma carta”
“John Wayne me escreveu uma carta dizendo que não gostou de O Estranho Sem Nome. Ele disse que não tratava realmente dos pioneiros do Oeste”, contou em uma entrevista de 1992 ao Los Angeles Times citada pelo Slashfilm, na qual lembra o que Wayne escrevia: “Isso não era o que o Oeste representava. Não eram os americanos que colonizaram este país”.
The Malpaso Company
Eastwood se deu conta do que acontecia rapidamente: “Me dei conta de que são duas gerações diferentes, e ele não entenderia o que eu fazia. O Estranho Sem Nome pretendia ser uma fábula: não pretendia mostrar as horas de trabalho duro dos pioneiros. Não pretendia falar sobre a colonização do Oeste”.
Assim como nos filmes de Sergio Leone que o transformaram numa estrela mundial, Eastwood interpretava em o filme como o título sugere, um estranho cavaleiro sem nome que chegava a uma pequena cidade cujos habitantes o olhavam com desconfiança. Porém, quando o desconhecido se livrava de dois criminosos da região mostrando seu ágil manejo das armas, os habitantes encontram nele seu salvador, especialmente diante da chegada de um grupo de bandidos recém-libertados da prisão que buscam vingança pelo tempo que passaram no cárcere.
Assim, quando Clint Eastwood quis trabalhar com John Wayne num filme de B. Larry Cohen que nunca chegou a ser feito, o ator passou completamente dos roteiros que seu colega de profissão lhe enviou, conforme registraria a biografia John Wayne Duke, a Love Story: “De novo essa porcaria”, disse aparentemente o ator. “Esse tipo de coisa é tudo o que sabem escrever hoje em dia…”.




