Indicado ao Oscar, filme está disponível no streaming.
Não me entenda mal, todo mundo tem o direito de ver e rever filmes quantas vezes quiser. No entanto, existem alguns elementos que nos fazem repensar sobre a necessidade (ou até mesmo o desejo) de sentar novamente em frente à tela para assistir algo que já passou pelos nossos olhos.
Este filme não é ruim, inclusive talvez seja um dos meus favoritos dos últimos anos – o que torna toda essa situação ainda mais complexa -, mas vamos chegar lá! Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2022, Triângulo da Tristeza é, sem sombra de dúvidas, uma obra que causou fortes emoções no público e na crítica.
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Também indicado ao Oscar, o longa acompanha os jovens modelos Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean), que estão navegando pelo mundo fashionista enquanto tentam se tornar influencers. Eles ganham passagens para viajar num cruzeiro de luxo, sendo os únicos passageiros classe média num grupo de milionários, liderado por um alcóolatra capitão comunista (Woody Harrelson).
Uma noite de tormenta e ataques de piratas fazem o navio naufragar, deixando os sobreviventes presos numa ilha deserta. A hierarquia entre o grupo muda completamente quando dentre esse bando de ricaços, a única pessoa que sabe como sobreviver neste local inóspito é a faxineira filipina – capaz de pescar e fazer uma fogueira.
Logo, essa sarcástica comédia dirigida e escrita por Ruben Östlund passa a discutir tal nova dinâmica que inverte os poderes entre os sobreviventes e passa a questionar os papéis de gênero.
Um dos filmes mais divisíveis dos últimos anos
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Seguindo a tendência de Cannes dos últimos anos, Triângulo da Tristeza já chegou ao festival com uma recepção mista e chocante. Poderia uma comédia com ares escatológicos vencer a honraria? Como vimos, o projeto se provou instigante o suficiente para sair com o principal prêmio da edição de 2022 e ainda teve uma boa trajetória na temporada de premiações.
Ruben Östlund não tem nenhum medo de fazer uma crítica a temas delicados enquanto abraça uma versão pitoresca do naufrágio do Titanic. Trata-se de uma sátira social que coloca o machismo, a luta de classes, o capitalismo e a beleza sob uma perspectiva crua, direta e agridoce.
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O diretor reúne esse time de personagens eventualmente caricatos, ampliados por absurdos, com uma camada de escatologia que expõe o lixo no luxo. Ainda que goste do longa, que rendeu interessantes discussões na redação do AdoroCinema, por exemplo, Triângulo da Tristeza não é um filme para quem tem estômago, digamos, sensível.
Existe uma sequência que não poupa na escatologia, e isso, curiosamente, trabalha muito bem em função do tipo de cinema levado à tela: ao gerar incômodo no público, ele também expõe, de forma literal, a podridão dessas pessoas que não sustentam nenhum tipo de personalidade que não esteja vinculado a dinheiro.
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É um filme que todo mundo deveria ver pelo menos uma vez na vida. Porém, para muitos como eu, será a primeira e única. Triângulo da Tristeza está disponível no catálogo da Max e do Prime Video.




