Mesmo sob novo comando do PL com André Fernandes, oposição no Ceará segue dependente da engrenagem política do maior crítico de Bolsonaro

A direita cearense gosta de posar como força insurgente. De vestir verde e amarelo, repetir as palavras de ordem do bolsonarismo e se apresentar como alternativa ao sistema. Mas, na prática, segue confortável no colo de Ciro Gomes — justamente ele, um dos maiores críticos de Jair Bolsonaro.
A posse de André Fernandes na presidência estadual do PL, em Brasília, marcou o início da tentativa de romper esse ciclo. O deputado chega ao comando da sigla mais forte da oposição no Ceará com a promessa de erguer um palanque competitivo para 2026. Mas a pergunta persiste: como construir oposição real em um Estado onde a engrenagem política ainda gira em torno dos Ferreira Gomes?
O paradoxo é evidente. No discurso, a direita ataca Ciro e promete varrer velhas práticas. Nos bastidores, ainda depende da estrutura que o pedetismo construiu. Atira pedras de dia, mas à noite repousa sob a sombra do mesmo guarda-chuva político que critica.
Fernandes agora terá de provar que pode mudar essa lógica. Seu maior desafio não é apenas articular alianças, mas acordar uma direita que insiste em encenar rebeldia enquanto continua adormecida nos braços de seu maior adversário.