Incrivelmente brutal e estrelado por Brad Pitt, Corações de Ferro é sem dúvida o melhor trabalho do diretor David Ayer.
Dois anos antes de dividir o público (e a crítica) com o polêmico Esquadrão Suicida, o diretor David Ayer comandava uma produção muito mais elogiada: Corações de Ferro, um drama de guerra intenso e brutal estrelado por Brad Pitt que atualmente está disponível no HBO Max e para compra ou aluguel no Prime Video.
A produção pode ter passado despercebida por muitos na época de seu lançamento, mas merece uma redescoberta — especialmente se você busca um filme de guerra que foge do heroísmo tradicional.
Na trama, ambientada nos últimos dias da Segunda Guerra Mundial, um grupo de cinco soldados americanos atravessa a Alemanha nazista a bordo de um tanque Sherman, apelidado de “Fury”. O comandante da equipe é Don “Wardaddy” Collier (Brad Pitt), um homem marcado pelas cicatrizes do combate e determinado a sobreviver, custe o que custar.
Entre seus companheiros, estão rostos conhecidos como Shia LaBeouf, Michael Peña e Jon Bernthal, além do jovem Norman (Logan Leman), um datilógrafo despreparado que acaba sendo jogado no meio do inferno — literalmente.
Um filme sem heróis, só sobreviventes
Diferente de outros longas do gênero, Corações de Ferro não tenta romantizar o campo de batalha. Pelo contrário, David Ayer mergulha na psicologia dos soldados exaustos, mostrando o lado mais real da guerra. Em uma das primeiras cenas, vemos Pitt assassinando um soldado inimigo com uma frieza chocante — não por prazer, mas como reflexo de anos de desumanização.
Norman, por sua vez é um garoto comum, cuja maior habilidade até então era digitar 60 palavras por minuto. Jogado em meio ao caos, o jovem representa a geração de adolescentes que foram forçados a lutar no fim do conflito. E o choque de sua ingenuidade diante da carnificina é o fio condutor do filme.
HBO Max
Guerra como experiência física
Mais do que uma aula de história, Corações de Ferro funciona como uma experiência sensorial. Ayer transforma a guerra em algo palpável, vemos as balas passando, os estilhaços se espalhando e um som ensurdecedor. E tudo isso é intensificado pelo espaço claustrofóbico dentro do tanque, onde o espectador se sente preso com os personagens — imerso no horror e na tensão crescente.
Apesar das críticas sobre sua precisão histórica, Ayer nunca quis fazer um documentário. Seu foco está na experiência emocional, na dor invisível dos combatentes e na camaradagem forçada que se forma entre eles como último refúgio. A direção segura e as atuações intensas de Brad Pitt e Shia LaBeouf dão peso ao longa, tornando-o uma das obras mais memoráveis sobre os horrores da guerra moderna.