O município de Aquiraz – cidade a cerca de 22 km de Fortaleza – passou a instalar, ao longo de sua orla, placas que proíbem o tráfego de veículos na área de praia, região onde comumente ocorre a desova de tartarugas marinhas.
As 40 placas foram instaladas em 37 km do litoral de Aquiraz no último sábado, 12. Elas informam sobre a presença de espécies ameaçadas de extinção na região e buscam conscientizar a população sobre a importância da preservação.
A temporada de desova desses animais varia de acordo com a região. No Nordeste, o período costuma começar em meados de dezembro e se estende até julho. A fase inicial é marcada pelas desovas, e a final, pelos nascimentos dos filhotes.
Aquiraz é oficialmente a “Cidade Protetora das Tartarugas”, título concedido pela lei municipal nº 18.477/2023. Segundo a Associação de Preservação do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico, Educacional e Difusão da Cultura de Aquiraz (Apremace), a medida destaca a importância da região na manutenção das espécies marinhas.
“O objetivo principal é informar e orientar, de forma explícita, quanto às normas e legislação locais, as pessoas que utilizam as praias. A decisão de proibir o tráfego de veículos está alinhada à conservação das tartarugas marinhas, pois impedirá a compactação dos ninhos, o atropelamento e o afugentamento dos animais. Além disso, é uma medida que ajuda a proteger as dunas fixas e móveis, a restinga e a biocenose das praias”, afirmou Mariano Pereira, ambientalista, vice-presidente da Apremace e coordenador geral do Projeto Amigo do Mar.
Quatro das cinco espécies brasileiras já foram registradas em Aquiraz
Segundo a Apremace, a faixa de praia de Aquiraz recebe, hoje, quatro das cinco espécies brasileiras de tartarugas marinhas.
“Todo o litoral de Aquiraz é considerado berçário de tartarugas marinhas. Das cinco espécies no Brasil, quatro já foram registradas no território de Aquiraz, com exceção da tartaruga-de-couro”, acrescentou Mariano.
A iniciativa é realizada pela Apremace, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semad), a Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte de Aquiraz (SMTT) e o Departamento Estadual de Trânsito (Detran).
“Destacamos que o trânsito de veículos nas praias pode gerar uma série de impactos ambientais. Dentre eles, citamos a supressão vegetal, o atropelamento de animais, a destruição do habitat de várias espécies, o vazamento de líquidos e a emissão de gases poluentes”, afirmou a associação.
Além disso, segundo a Apremace, o tráfego de veículos interfere em etapas fundamentais do ciclo de vida das tartarugas:
- Altera o comportamento das fêmeas ao subir à praia para desovar, assustando-as e colocando-as em risco de atropelamento
- Provoca a compactação da areia do ninho, o que pode interferir no desenvolvimento dos embriões ou até mesmo prender os filhotes, fazendo com que morram sufocados
- Causa atropelamento dos filhotes
- Cria “armadilhas” quando as trilhas deixadas pelos veículos se transformam em barreiras
Sobre o número de ninhos
A Apremace realizou o mapeamento do número de ninhos de tartaruga nas praias de Aquiraz. No ano de 2024, foram mapeados 91 ninhos, e cerca de 8.438 filhotes nascidos, divididos de maneiras distintas entre a orla do município.
Segundo dados de 2024 da Apremace, o número de ninhos varia por praia de Aquiraz.
- Praia do Resex do Batoque: 25 ninhos registrados
- Praia do Porto das Dunas: 13 ninhos registrados
- Praia do Japão: 13 ninhos registrados
- Praia do Barro Preto: 11 ninhos registrados
- Praia Bela: 9 ninhos registrados
- Praia do Peixe Podre: 6 ninhos registrados
- Praia da Prainha: 4 ninhos registrados
- Praia do Presídio: 4 ninhos registrados