Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC) descobriram que o grafite natural extraído de Canindé pode ser transformado em nanoplacas com propriedades muito próximas às do grafeno.
Um dos materiais mais valiosos da atualidade, conhecido por ser resistente e excelente condutor de eletricidade, o grafeno ainda apresenta dificuldade de estabilização, o que costuma elevar o custo de produção em larga escala.
Neste mês, uma equipe da universidade cearense chegou a conclusão de métodos para purificar e processar o grafite extraído em Canindé, cidade localizada a cerca de 110 quilômetros de Fortaleza.
A possibilidade de purificação transforma a região em território fértil para impulsionar setores como energia, eletrônica e indústria de materiais.
O experimento foi descrito no artigo “Purification and Preparation of Graphene-like Nanoplates from Natural Graphite of Canindé, CE, Northeast-Brazil”, publicado pela revista internacional Materials, referência em ciência e engenharia de materiais.
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O grafeno é um material derivado da grafita (popularmente conhecida como grafite), a mesma usada para fazer o “grafite” do lápis.
Contudo, enquanto o grafite é formado por várias camadas de átomos de carbono, o grafeno possui somente uma camada. Essa estrutura o torna cerca de cem vezes mais resistente que o aço, ultraleve e flexível.
Nesse cenário, as nanoplacas de grafeno, formadas por poucas camadas de átomos de carbono obtidas a partir do beneficiamento do grafite, surgem como uma alternativa viável para aplicações industriais.
A docente Lucilene Santos, do Departamento de Geologia da UFC, explica que, em grande parte das aplicações, as nanoplacas podem desempenhar a mesma função do grafeno puro, já que compartilham a mesma composição e estrutura.
“Essas nanoplacas são mais estáveis e têm maior viabilidade de produção, sendo uma solução eficiente”, afirma a pesquisadora.
Para a pesquisa, as amostras foram cedidas por uma mineradora da região, e estudos iniciais apontam a existência de pelo menos 2,7 milhões de toneladas do mineral no município.
Com os resultados laboratoriais positivos, os pesquisadores avançam agora para a fase de testes em larga escala, a fim de avaliar o uso do material em produtos reais.
Setores como o de revestimentos e baterias já utilizam derivados de grafeno em outros países, e, com a descoberta, a expectativa é de que o Ceará possa integrar essa nova cadeia comercial.
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