Após suspensão da produção da Coca-Cola no Ceará e pressão da matriz por modernização, o empresário e Senador Tasso Jereissati recebeu um golpe duro a frente da Solar Bebidas. A crise mostra o suposto motivo da sua saída repentina da base do governo do estado. Bastidores indicam que esse seria o motivo da repentina reaproximação dele e Ciro Gomes, onde ele tem viabilizado Ciro como candidato ao governo do Estado em 2026.
Maracanaú — A recente crise na fábrica da Coca-Cola em Maracanaú, operada pela Solar Bebidas, reacendeu os bastidores políticos e empresariais no Ceará. Fontes próximas ao Senador Tasso Jereissati, um dos controladores do grupo e figura histórica da política cearense, afirmam que o empresário avalia deixar o comando da engarrafadora após a sequência de desgastes com a The Coca-Cola Company e o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).
O episódio mais recente foi a suspensão temporária da produção na unidade de Fortaleza após um vazamento no sistema de resfriamento, que levou à paralisação de 9 milhões de litros de bebidas para análise. Embora o ministério tenha afirmado que o líquido refrigerante não representa risco à saúde, o incidente expôs problemas estruturais na planta industrial e acelerou a pressão da Coca-Cola para que a Solar modernize suas operações ao padrão da nova fábrica de Uberlândia (MG), considerada a mais moderna do mundo.
A tensão entre Tasso e a matriz americana teria se intensificado nos últimos meses. Segundo interlocutores do setor, a Coca-Cola Company cobra investimentos pesados — estimados em mais de R$ 1,5 bilhão — para automatizar linhas de produção e adequar padrões ambientais e de eficiência hídrica. A Solar, controlada pelas famílias Jereissati e Mello, tenta equilibrar a modernização com a rentabilidade em meio a um cenário econômico desafiador no Norte e Nordeste.
Fontes políticas próximas ao Senador relatam que, desgastado com a rotina empresarial e incomodado com a interferência estrangeira, Tasso tem confidenciado a aliados a intenção de se afastar da Solar Bebidas. A situação desgastou Tasso, que teria se sentido abandonado pelo governo estadual — do qual era aliado — em meio à crise. Interlocutores relatam que o ex-senador esperava solidariedade pública de Elmano de Freitas, considerando o peso econômico da Solar Bebidas no Ceará, mas o silêncio do governo foi interpretado como desprezo político.
“Tasso esperava apoio institucional. A falta de reação do governo estadual acentuou o distanciamento e reacendeu seu interesse pela política”, disse uma fonte próxima ao grupo Jereissati. Fontes ligadas ao Senador, disseram quem é o governo chegou a subsidiar uma suposta ajuda financeira de mais de 300 milhões de Reais, que não foi confirmado ainda. Porém a Solar precisaria de mais de 5 bilhões para voltar a operar 100%.
Nos bastidores, o empresário se reaproximou de Ciro Gomes, ex-ministro e ex-governador, com quem compartilhou o projeto político que marcou o ciclo de modernização do Ceará nas décadas de 1980 e 1990. A reedição dessa aliança — o antigo “Tassismo-Cirismo” — é vista como uma tentativa de formar uma nova frente de oposição ao grupo de Camilo Santana e Elmano de Freitas, que domina o cenário político estadual há mais de uma década. A reaproximação de Tasso tem sido vista como forma de retaliação ao suposto abandono do grupo político ué o Senador acompanhava. Hoje visto especialmente diante do cenário de fragmentação da oposição no Ceará, Tasso e Ciro reacenderam a esperança da oposição e da direita de tomar o poder no Estado.
“Tasso está convencido de que o Ceará precisa de uma alternativa política sólida. Ele vê em Ciro Gomes um nome capaz de reconduzir o Estado ao equilíbrio e à austeridade administrativa”, afirmou um aliado histórico do tucano, sob reserva.
A possível reaproximação entre Tasso e Ciro, que romperam politicamente em diferentes momentos da história, movimenta os bastidores da política cearense.
Nos últimos anos, Tasso havia se afastado da política partidária, apenas cumprindo seu mandato de Senador, enquanto Ciro se mantevw, fora dos holofotes e brigado com seu irmão Cid Gomes, Senador. Agora Ciro rompe com o PDT, e se filiando ao PSDB, que lhe deu uma nova direção par que Ciro possa voltar a disputar o Governo do Ceará em 2026, e conta com o apoio de setores empresariais e políticos ligados ao Senador.
Confirmado a aliança Tasso–Ciro pode redesenhar o tabuleiro da sucessão estadual, enfrentando grupos liderados por Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (MDB).
Enquanto isso, a Solar Bebidas tenta conter os efeitos da crise industrial e recuperar a confiança do mercado. A empresa confirmou que está colaborando com o MAPA e implementando as correções exigidas, mas não comentou sobre a possível saída de Tasso Jereissati nem sobre as especulações políticas.
Nos bastidores, o episódio é visto como o fim de um ciclo de 30 anos em que Tasso equilibrou com habilidade a vida empresarial e a influência política. Agora, com o nome de Ciro Gomes novamente no radar e a pressão da Coca-Cola Company aumentando, o empresário pode estar prestes a trocar o refrigerante pela política — mais uma vez.




