O episódio retrata uma comum dessensibilização propositalmente ocasionada.
Black Mirror é sem dúvidas um dos maiores sucessos distópicos da Netflix. Com cenas mostrando uma realidade não tão distante, os possíveis efeitos da tecnologia usada em excesso, um dos episódios ultrapassa esse limite e realmente foi baseado em uma fato verídico.
Intitulado como Engenharia Reversa (ou Men Against Fire), o 5º episódio da 3ª temporada acompanha Stripe (Malachi Kirby), um soldado norte americano que, assim como seus companheiros, tinha um chip implantado pelo governo em sua cabeça para, teoricamente, facilitar a comunicação em meio a guerras. No entanto, quando o chip passa a ter falhas, ele nota uma mudança no próprio comportamento.
Netflix lançou duas versões diferentes de um mesmo episódio de Black Mirror, e não há como você escolher qual vai assistir
Com o intuito de mostrar a inferioridade de outras raças, as forças armadas do episódio estão em um treinamento contra ‘’baratas’’. Uma analogia a um determinado grupo ter poder de extermínio total a outro grupo, sem medir os seus direitos ou valores, sejam eles animais ou humanos.
Quando o livro Dentro de Black Mirror foi publicado, o criador Charlie Brooker revelou diversos segredos sobre os bastidores, entre eles os fatos reais que inspiraram cada uma das filmagens. Apesar de ter sido lançado na 3ª temporada, esse foi o primeiro episódio pensado por ele.
A realidade que inspirou a trama
Netflix
Ao ser apresentado para o documentário A Guerra Que Você Não Vê, Brooker foi completamente impactado. Pois pela primeira vez, ele podia ver a Guerra do Iraque sendo retratada sem abandonar a narrativa de devastação pessoal causada pelos conflitos.
Na ideia inicial, o episódio falaria sobre uma força maligna, que na verdade eram noruegueses, atacando a Grã-Bretanha. A ideia foi arquivada por conter uma seriedade maior do que a proposta pelos produtores. No entanto, eles não abandonaram o projeto com tanta facilidade.
Para a produtora Annabel Jones, a falta de sensibilidade ocasionada pelas mídias era estranhamente interessante. Mesmo com as imagens da guerra sendo constantemente transmitidas, poucas pessoas ficavam de fato impactadas e a maior parte delas mal se dava conta do problema.
Além disso, tratar essas pessoas como baratas na série também não foi uma invenção tirada da cabeça de Charlie Brooker. Em meados da década de 2010, ele foi surpreendido por uma analogia feita pela colunista britânica Katie Hopkins, que se referiu aos refugiados do Oriente Médio como baratas.
Todas as temporadas de Black Mirror estão disponíveis na Netflix.