Um comovente filme biográfico que conta uma história incrível.
Como poucos diretores, o nova-iorquino Julian Schnabel se destacou ao longo de sua carreira como especialista em biografias cinematográficas – os chamados biopics. Em suas obras, retratou personalidades populares e artistas famosos, como o pintor neoexpressionista Jean-Michel Basquiat em sua estreia na direção, Basquiat – Traços de uma Vida. Schnabel também se dedicou a figuras menos conhecidas, cujas vidas e destinos extraordinários fornecem material suficiente para uma adaptação nas telas.
Ao lado de Antes do Anoitecer, sobre o escritor cubano Reinaldo Arenas, a lista também inclui o comovente O Escafandro e a Borboleta. Baseado na autobiografia homônima best-seller do jornalista francês Jean-Dominique Bauby, o filme é um dos melhores e mais radicais dramas biográficos dos anos 2000.
E não apenas porque Schnabel retrata a luta de um homem de 43 anos que fica paralisado da cabeça aos pés após um derrame, quase inteiramente de uma perspectiva subjetiva. Mas também porque, apesar do tema do insuportável golpe do destino, o filme exala leveza e uma aura de conto de fadas, deixando o espectador com uma sensação de esperança.
Pathé Renn Productions
Esta é a história de O Escafandro e a Borboleta
Jean-Dominique Bauby, conhecido por todos simplesmente como Jean-Do, é um escritor de sucesso e leva uma vida luxuosa como editor-chefe da revista Elle. O pai de três filhos, sempre bem-vestido, é um bon vivant que adora jantares sofisticados e viagens caras, além de longas visitas ao teatro e à ópera. No fatídico dia 8 de dezembro de 1995, tudo muda abruptamente para o homem de quarenta e poucos anos: Jean-Do sofre um derrame grave que causa danos irreparáveis ao seu cérebro.
Ao acordar de um coma no hospital, duas semanas depois, Jean-Do não consegue mais falar e está quase completamente paralisado. Conseguia apenas mover a cabeça levemente e piscar a pálpebra esquerda. Esse fenômeno raro é conhecido como “síndrome do encarceramento”: pessoas que, embora totalmente despertas e conscientes, não conseguem mais se comunicar verbalmente ou por gestos devido à paralisia. Enterradas vivas em seus próprios corpos.
Os devaneios e as jornadas mentais, nas quais Jean-Do se sente livre e pode realizar qualquer coisa, criam uma atmosfera quase enigmática, simbólica e surreal. Nesse sentido, O Escafandro e a Borboleta é também uma ode ao poder da imaginação e às memórias que ninguém nos pode tirar. É tudo o que Jean-Do possui, e suficiente, como o filme deixa claro, para recuperar a coragem de encarar a vida e trilhar um novo caminho.




