A atriz revelou que os bastidores das gravações de uma série da Globo transformaram sua vida
Na vida de um ator, personagens vêm e vão, mas alguns marcam para sempre a trajetória do artista. No ar como Odete Roitman no remake de Vale Tudo, Debora Bloch reúne em seu extenso currículo diversos trabalhos de sucesso – tanto em novelas e em séries quanto em programas de comédia que transformaram o jeito de fazer humor na TV.
Entre seus papéis mais marcantes estão Clara, em Sol de Verão (1982); Ana Machadão, em Cambalacho (1986); Teodora, em Salsa e Merengue (1996); Úrsula, em Cordel Encantado (2011); Deodora, em Mar do Sertão (2022) – que voltou a aparecer em No Rancho Fundo (2024); além de Lígia, em Sete Vidas (2015), e Elisa, em Justiça (2016).
Ao longo de seus 40 anos de carreira, Debora tem demonstrado versatilidade e talento nos mais variados gêneros. Mas, curiosamente, seu trabalho mais marcante não é a vilã de Vale Tudo, viu? Nem os papéis que acabamos de citar. Na verdade, a personagem que conquistou seu coração é a protagonista de uma série que estreou na TV Globo em 2019.
Choque de realidade
Dentre tantas personagens icônicas, a atriz elegeu sua favorita: a professora Lúcia, da série Segunda Chamada (2019-2021). Apesar de a produção – centrada na educação de adultos e baseada em dramas da vida real – ter sido cancelada antes de ganhar uma terceira temporada, o tempo no ar foi suficiente para transformar a vida de Debora Bloch.
“Esse trabalho mexeu muito comigo. Foi um mergulho profundo na vida dessas professoras de estudos para adultos na periferia, os EJAS [Educação de Jovens e Adultos], em lugares muito precários, desde as instalações das escolas até a vida dos alunos”, disse ela ao videocast Conversa Vai, Conversa Vem, do jornal O Globo.
Divulgação/Globoplay
“As professoras têm uma jornada de trabalho enorme, porque trabalham de dia numa escola e, à noite, vão dar aula para esses adultos. E o comprometimento dessas professoras e professores é uma coisa linda, admirável. O pouco que eles ganham… Ao mesmo tempo, essa é a segunda chance das pessoas que já vêm de uma precariedade do país, que não tiveram a chance de estudar na idade que deveriam estar na escola”.
A atriz também contou que teve um contato direto com os adultos da periferia, e ver a rotina exaustiva e desafiadora deles fez com que ela refletisse muito. “Entrei em contato com esses alunos que, às vezes, fazem uma jornada inteira de trabalho e, no final do dia, cansados, pegam uma condução para chegar numa escola de EJA e aprender a ler”.
Segunda Chamada: “É o projeto da minha vida”, diz Débora Bloch sobre série no Globoplay (Entrevista)
Além disso, durante as gravações de Segunda Chamada, a atriz também pôde ver a realidade de pessoas que vivem na região da Cracolândia, em São Paulo. Distante de todos os seus privilégios, ela se emocionou com o que presenciou.
“Gravamos durante cinco meses em comunidades, ocupações, onde as pessoas vivem de forma cruel. A segunda temporada foi com pessoas em situação de rua. Gravávamos embaixo de um viaduto em São Paulo. Fizemos um mergulho profundo com pessoas da Cracolândia que se recuperaram ou estavam em recuperação”, relembrou.
Entrar em contato com isso no cotidiano foi transformador para mim. E muito duro. Porque eu passava o dia com as pessoas naquela realidade e depois voltava pra minha casa, deitava na minha cama limpa. E eles continuavam debaixo do viaduto
“[…] O maior prêmio da minha vida, foi quando a série foi ao ar na TV aberta, eu andava pelos lugares e professores e professoras vinham falar comigo e me agradecer por se sentirem representadas. Aí eu falei: ‘Ai, que bom, meu trabalho está sendo útil, sabe?'”.
Fcou curioso para assistir à série Segunda Chamada? As duas temporadas da produção estrel;ada pro Debora Bloch estão disponíveis para assinantes do Globoplay.
