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“Não vou tão longe a ponto de procurar papéis para eles”: 54 anos atrás, John Wayne tinha a mesma reclamação sobre atores negros que muitas pessoas têm hoje sobre atores LGBTQIAPN+ – Notícias de cinema

Meio século se passou e os mesmos argumentos para a intolerância continuam.

John Wayne não era um cara fácil de lidar em particular — há uma razão pela qual dizem que ele era “mais cruel que uma cascavel pisoteada” — e ele frequentemente fazia comentários que já eram intolerantes em sua época.

Há poucos anos, os democratas da Califórnia estavam cansados ​​de ver sua estátua no Aeroporto do Condado de Orange, então começaram uma campanha contra ele. Os motivos? Suas opiniões depreciativas sobre afro-americanos, nativos americanos e filmes com personagens homossexuais.

“Era vergonhoso estar lá”: Cuspir não era o pior hábito de John Wayne no set de filmagem

E aqui está a prova! Em uma entrevista de 1971 para a Playboy, ele expressou suas preocupações e explicou abertamente por que discordava da “tendência” de Hollywood de escalar cada vez mais atores e atrizes negros.

Dirigi dois filmes e dei aos negros o lugar que lhes era devido. Eu tinha um escravo negro no Álamo e um número adequado de negros em Os Boinas Verdes. Se é para ser um personagem negro, eu naturalmente uso um ator negro. Mas não chego ao ponto de procurar papéis para eles. Acho que os estúdios de Hollywood estão levando seu simbolismo longe demais.

Wayne também declarou que a presença de profissionais negros nos bastidores da indústria deveria corresponder à proporção populacional, sugerindo que muitos não estariam preparados tecnicamente para ocupar essas funções. “Não haverá necessariamente 10% de técnicos de som ou operadores de máquinas que sejam negros, porque é provável que 10% deles não tenham sido treinados para esse tipo de trabalho”.

Esse discurso, mesmo na década de 1970, causou desconforto. Hoje, ele serve de referência para debater não só o racismo estrutural na indústria do entretenimento, mas também os preconceitos históricos que atravessam temas como a diversidade LGBTQIAPN+ nos filmes e séries.

Warner Bros. Pictures

A “lógica” de Wayne, de que papéis não deveriam ser “forçados” a incluir minorias, ainda é replicada por parte do público — embora cada vez mais contestada por artistas, críticos e espectadores que demandam representatividade real nas narrativas.

Os Boinas Verdes: o filme que expôs sua visão política

Além das polêmicas declarações, John Wayne também usava o cinema como plataforma ideológica. Os Boinas Verdes (1968), um dos seus filmes mais controversos, é o melhor exemplo disso. Lançado em meio ao crescimento contra a Guerra do Vietnã, o longa foi criticado por seu forte viés anticomunista e seu retrato unilateral do conflito, reduzido a uma narrativa maniqueísta de mocinhos contra vilões.

A crítica especializada não perdoou. O lendário crítico Roger Ebert classificou o filme com zero estrelas e o descreveu como um exercício ultrapassado, que tratava um dos conflitos mais traumáticos da história norte-americana como uma mera repetição de faroestes em que “os cowboys enfrentam os índios”.

Ainda hoje, o nome de John Wayne desperta reações ambíguas: reverenciado por muitos como símbolo de um cinema clássico, mas também reavaliado por ser a voz de preconceito racial e homofóbico. E, nesse processo, talvez o maior debate seja sobre reconhecer que a herança cultural do cinema também inclui os seus fantasmas.

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