Era uma disputa que durava décadas e era do conhecimento de todos, mas agora acabou.
Não é segredo que Carmen Maura e Pedro Almodóvar passaram anos sem se falar. Qualquer fã do diretor ou da atriz sabe que Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos foi um ponto de virada na amizade deles, já que as filmagens foram cheias de conflitos e eles decidiram seguir em frente, longe um do outro.
Como Carmen Maura relembra em depoimento coletado pela RTVE, ela não tem boas lembranças dessa experiência. “É uma filmagem que não gosto muito de lembrar porque foi a única vez que pensei em desistir de ser atriz”, diz ela com firmeza.
Pedro me dizia, às oito da manhã: ‘se você continuar assim, vai estragar o filme’ ou ‘você é tão falsa’ na frente de toda a equipe. Quando saí da primeira exibição do filme que vi, Pedro me disse ‘você percebe, Carmen, que está em 50% do que uma boa atriz deve ser’. E é um filme que eu tinha aversão há muito tempo até que um dia, de repente, o assisti e vi que era bom.
Pedro Almodóvar tem uma versão diferente e não para de elogiar o trabalho da atriz. “Carmen acha que eu não gosto dela em Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos. E eu gosto muito dela. Como atriz, ela é absolutamente perfeita, eu não poderia pedir mais”, comenta na mesma reportagem.
Ele concorda que foi uma filmagem com muitos conflitos e nenhum dos dois esconderam o que pensavam. “Tínhamos muitos problemas e não os escondíamos. Eu era o diretor, ela era a atriz, eu fazia meu trabalho e ela fazia o dela. E você pode fazer isso por completa falta de comunicação. E não só isso, mas eu diria que, não da minha parte, mas você pode fazer isso até por ódio à outra pessoa. E é maravilhoso que nesse estado de espírito, fomos capazes de dar à luz a única comédia que já fiz 100%”, diz o cineasta sem rodeios.
Esses problemas não se refletiram no produto final. Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos ganhou o Goya de Melhor Filme em 1988 e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Foi o filme espanhol de maior bilheteria de 1988 e 1989 e continua sendo, até hoje, uma joia a ser reivindicada, com suas adaptações até na Broadway.
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