Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, o primeiro-ministro do Catar, confirmou nesta quarta-feira, 15, que Israel e Hamas haviam chegado a um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, após meses de impasses nas negociações e de conflito violento no enclave palestino. O político, que também atua como ministro das Relações Exteriores, disse que ambos os lados ainda estão trabalhando para lapidar alguns dos detalhes finais do pacto, mas que o processo seria finalizado ainda nesta noite.
Em entrevista coletiva em Doha, a capital catari, Al Thani também deu uma data para o início da implementação da trégua, que terá três fases: o próximo domingo, 19 de janeiro. Segundo ele, o acordo vai permitir a libertação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos e um retorno à “calma sustentável”.
O primeiro-ministro do Catar acrescentou que a primeira fase do acordo durará 42 dias e incluirá o encerramento das hostilidades entre ambos lados e a retirada das forças israelenses para o leste de Gaza, longe de áreas povoadas.
Doha, capital do país, foi casa das negociações finais do pacto entre Israel e Hamas.
Detalhes do acordo
Anteriormente, informações vazadas pela mídia israelense falaram em três etapas do cessar-fogo, que durarão seis semanas.
Na primeira, 33 prisioneiros israelenses em posse do Hamas serão libertados. Em troca de cada mulher das Forças Armadas, Israel vai soltar 50 prisioneiros palestinos, e mais 30 sairão da prisão em troca dos civis restantes mantidos em cativeiro.
Ao mesmo tempo, segundo reportagens na mídia israelense, os militares de Tel Aviv deixarão o Corredor Filadélfia – território entre as fronteiras de Gaza e Egito –, um dos principais pontos que travaram as negociações. Não se sabe qual será a versão final dessa cláusula, nem como a retirada acontecerá.
A segunda fase começará 16 dias depois, com foco nas negociações para libertar os prisioneiros restantes.
A etapa final abordará acordos de longo prazo, incluindo um governo alternativo em Gaza e esforços de reconstrução do enclave devastado.
Na terça-feira 14, o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, expôs o plano de Washington para o pós-guerra. O chefe da diplomacia americana, que será substituído pelo senador Marco Rubio no governo Trump, disse que o governo interino ficará nas mãos da Autoridade Palestina, mas que haveria uma parceria com as Nações Unidas e uma força de segurança com soldados de “nações parceiras”, para supervisionar os assuntos civis no enclave.
Depois, o governo interino entregaria o poder a uma Autoridade Palestina “reformada”. No entanto, Israel rejeitou repetidamente permitir que a organização, que administra áreas da Cisjordânia ocupada, assuma o governo de Gaza.
“Por muitos meses, temos trabalhado intensamente com nossos parceiros para desenvolver um plano pós-conflito detalhado que permitiria que Israel se retirasse totalmente de Gaza, impedisse o Hamas de se reerguer e fornecesse governança, para a reconstrução de Gaza”, disse Blinken.
Os Estados Unidos alertaram Israel que o Hamas não poderia ser derrotado apenas com uma campanha militar, ele afirmou.
“Avaliamos que o Hamas recrutou quase tantos (combatentes) novos quanto perdeu. Essa é uma receita para uma insurgência duradoura e guerra perpétua”, disse ele.




